CARTAGENA, COLÔMBIA — Nossa tendência é pensar que as máquinas conectam o mundo, mas, na verdade, são as pessoas. No passado, eram os peregrinos e exploradores e colonizadores que, de várias maneiras gentis e cruéis, promoviam a troca entre os povos. Foram eles que deram a esta cidade em tons pastel no Caribe seus arcos Hispano-Islâmicos, uma cozinha que pode misturar tamarindo e bife e milho num único prato, e ritmos de salsa em dívida com os passados Europeus e Africanos.
Atualmente não são os peregrinos ou colonizadores que nos unem, mas uma nova classe de conectados globalmente que estão implacavelmente polinizando a comunidade humana. Estes estão se tornando, culturalmente, algumas das pessoas mais importantes do mundo, mas conhecemos pouco sobre eles como parte de uma classe.
Tive encontros próximos com estes em Mumbai e Nova Deli, Washington e Cambridge, Bangkok e Hong Kong, e agora nesta percussora cidade colombiana. Observei como estes alinhavam o mundo, uma recomendação de um restaurante e um pedido de um amigo por vez, e esta coluna é em homenagem a eles.
Estes se apresentam em vários tipos, embora alguns deles se enquadrem em mais de um:
THE ANOINTERS (OS CONSAGRADOS) Estes são recém adotantes geográficos: investidores que apostam em locais calmos, porém, arriscados, que veem volumosos retornos quando o receio finalmente segue a tendência; os turistas que se aventuram em países perigosos, como é considerado, por muitos, a Colômbia, beneficiando-se dos preços mais baixos e da pouca aglomeração, e então divulgam a nova realidade para os menos ousados; compradores da Bergdorf Goodman que decidem se a semana de moda de Moscou ou Cidade do Cabo tornaram-se suficientemente grandes para serem visitadas; gestores de eventos que decidem onde promover um festival de filmes, uma conferência sobre software ou um debate empresarial.
THE REPLICATORS (OS COPIADORES) Estes são os colonos empresariais: expatriados, diretores para o país e transferidos das empresas procurando não a civilização, mas melhores práticas. Estes vêm de New York e Seul para montar escritórios estrangeiros da Goldman Sachs e Hyundai. O HSBC possui uma equipe especial conhecida como os “Fuzileiros Navais,” que devem estar disponíveis para serem transferidos após alguns dias de aviso. Os Replicators (Copiadores) levam técnicas de gestão de classe mundial aos países em que vivem; os melhores absorvem as novas idéias locais e as aplicam em suas matrizes. Estes frequentemente passam uma quantidade de tempo desproporcional hospedados em hotéis cinco estrelas, mas são aventureiros ao realizar negócios em locais em que isto ainda não é comum e fortalecem o jogo de todos.
THE APPRENTICES (OS APRENDIZES) Estes viajam ao exterior vindos de países menos conectados, são aprendizes nas melhores universidades ou empresas do mundo, e voltam para a pátria para aplicar suas descobertas. Não estão interessados em ficar à toa. Estes trabalharam no seu país de origem; conhecem as oportunidades e lacunas; vêm aprender o que não pode ser aprendido facilmente em casa. Após retornar, estão aptos a implantar novos sistemas e processos, e adaptam modelos estrangeiros às realidades locais. Se os Replicators (copiadores) trazem torres de telefone celular do ocidente para a Índia, os Aprendizes criam empresas de telefonia indianas nos quais moradores de vilas e fazendas confiam.
THE DOCKS (OS DOCAS) Estes são os habitantes locais globalizados das sociedades menos conectadas que servem de recebedores do mundo externo. Estão no local para ficar. São os mantenedores da sua memória institucional, mas falam uma linguagem que os estrangeiros compreendem. Sabem o que em sua sociedade causará maior apelo aos estrangeiros; são especialistas em explicações, que não se cansam de fazer o mesmo passeio altas horas da noite. Vivem nos sites de relacionamento social Facebook e Orkut e aSmallWorld. Possuem conhecimento interno: em Xangai e Buenos Aires, lhe dirão qual é o melhor mergulho local e que alfaiate não tentará lhe ludibriar. Estes são respeitados em suas sociedades porque intermedeiam o acesso de estrangeiros e de oportunidades estrangeiras.
THE SWITCHBOARDS (OS PAINÉIS DE COMANDO) Eles mesmos não vivem em locais interessantes, singulares, mas conhecem todos aqueles que vivem. Quando estão na universidade, fazem amizade com estudantes estrangeiros; cinco anos depois, têm um quarto de hóspedes lhes esperando em vários países. São colecionadores de relações internacionais, e também conectores. Alguém trabalhando com problemas da infância em Zimbábue pode estar muito envolvido na causa para descobrir alguém igualmente envolvido na Bolívia. O amigo Switchboard (Painel de Comando) em comum, insistirá para que estes se conectam e pratiquem a arte preferida do Switchboard: o intro e-mail, com uma frase inteligente como assunto.
THE FUSIONISTAS (OS FUSIONISTAS) São bitudo, ou quase tudo — biraciais, biculturais, bilíngues. São filhos de diplomatas, de imigrantes de primeira geração, os descendentes de emigrados que retornaram. Por muito tempo agonizaram sobre uma identidade dividida, e talvez sofreram durante o ensino médio com sua incapacidade de responder a pergunta “De onde você é ?” Agora, é hora da vingança. Descobriram como transformar confusão hifenizada em vantagens competitivas servindo de pontes culturais. São proprietários de butiques - Onde o Ocidente Encontra o Oriente - no mundo desenvolvido; estes promovem jantares com comida soul e kimchi nos terraços dos apartamentos de New York.
A população conectiva merece maior análise. Estes não são necessariamente as pessoas mais ricas de sua sociedade, mas frequentemente pertencem à educada classe média alta. Compartilham um traço de personalidade inquieta. Julgam-se aventureiros, embora de certa maneira, sejam quase conservadores: longe de ser hippies e mochileiros, passeiam pelo mundo em função do trabalho, não por diversão. Esperam participar dos negócios, não arruiná-los.
Podem temer o compromisso — por exemplo, tendem a ser inquilinos, não compradores, mesmo quando podem comprar. Consideram difícil casar com aqueles menos inquietos e navegantes que eles. Mas, também se esforçam para manter relacionamentos estáveis com outros da sua laia, vagando pelo mundo. As vídeo chamadas no Skype amenizam a anomia que surge com a ambição.
No início, havia um amigo excêntrico, extremamente útil, aqui e ali. Então, parece haver mais e mais pessoas como estas, mas agrupadas em cidades particulares como New York e Xangai. Porém, de modo crescente, estes estão em todo lugar, conectando, ligando, mesmo cidades tropicais longínquas como esta.
Logo, na próxima vez que comer comida Greco-Francesa em Tókio ou assistir um filme de vanguarda Chinês-Americano sobre Pequim ou ouvir em Berlin que Beirute é o novo local de férias, estará observando os peregrinos e exploradores da sua própria era trabalhando.
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